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Thursday 24 September 2009

Viver eternamente na mente

E se um dia a tecnologia ousar captar todos os momentos da nossa vida e todas as imagens que constituem a nossa memória? "Final Cut"("A Última Memória") retrata uma sociedade perturbada pelo avanço tecnológico, onde já não existe privacidade, espontaneidade, ou até mesmo liberdade, valores fundamentais para a sobrevivência humana. Esta sociedade encontra-se dividida entre os que são contra esta invenção tecnológica e os que a defendem de uma forma utópica. Os primeiros, são apresentados como marginais e excluídos da sociedade, sendo identificados através de uma tatuagem específica, que danifica o chip que lhes é colocado pelos seus pais, lutando assim contra o poder da tecnologia. Já os últimos vêem o chip como uma forma de poder aceder ao seu passado, não se importando de abdicar da sua privacidade.

O filme conta a história de Alan, um cutter, que tem o poder de editar, "abrilhantar" e compilar as memórias das pessoas que morrem, numa espécie de mini-filme, mostrado no seu funeral, tendo assim uma retrospectiva da sua vida. Isto tudo é possível através do implante do chip Zöe no cérebro. Como se estivesse nas mãos dos editores decidir quais os momentos especiais de cada pessoa, quais as melhores recordações e quais as emoções que os mais próximos vão querer guardar para si. Nós não precisamos de imagens para nos lembramos das pessoas, não precisamos de qualquer tipo de suporte técnico para constituirmos a nossa memória. Porquê? Esta deve ser construída através das nossas vivências, emoções e das nossas percepções e, ninguém tem, nem o direito nem a capacidade, de olhar para as imagens de uma outra vida e resumi-las a um mero filme de homenagem. É demasiado evasivo e egoísta.

Por outro lado, o uso deste tipo de tecnologia acaba por se tornar uma mais-valia, pois, com o passar do tempo, quem não queria reviver a sua infância e a sua adolescência? Quem não gostaria de recordar ao pormenor todos esses momentos, emoções e peripécias novamente? Por alguma razão se diz que essa é a melhor época das nossas vidas e existe quase sempre uma constante nostalgia e ânsia na voz de qualquer um de nós quando fala de tal assunto.

Esta questão torna-se controversa, gerando um paradoxo. Quando pensamos em viver com o chip acabamos por ter a nossa privacidade revelada para aqueles que nos são mais próximos. Ao termos conhecimento da sua existência, consciente ou inconscientemente, não nos comportamos da mesma forma. Então, fica a pergunta: Qual o preço de viver eternamente na mente?

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Bem-vindo ao espaço Digital a Três! Este blog será o resultado de três pontos de vista diferentes, de três perspectivas distintas, ou, por vezes, de três pensamentos que se completam... Semanalmente, serão colocados posts sobre diversos temas relaccionados com o Impacto que o Digital tem nas Crianças e Adolescentes no âmbito da disciplina de Comunicação Digital da Universidade Católica Portuguesa.